Érwelley Cardoso de Andrade emagreceu mais de 40 kg depois de ser chamada de 'gorda' em uma festa (Foto: Arquivo pessoal/Érwelley Andrade)
Era para ser um dia de festa, mas bastou Érwelley botar o pé no buffet para o tio – o palhaço oficial da família – gritar lá de longe:
"Escondam a comida que a gorda chegou".
Todo mundo riu da "brincadeira", menos a “gorda” em questão.
A escritora Érwelley Cardoso de Andrade tinha mais ou menos 25 anos na época, dois filhos, 1,68 m de altura e não sabe dizer ao certo quanto estava pesando.
Na última vez em que subiu numa balança antes deste episódio, o ponteiro chegou aos 107 kg.
Ela parou de se pesar, mas levou quase um ano para começar a mudar seus hábitos – o que ocorreu depois da fatídica festa.
"Ele falou em tom de brincadeira, mas aquilo acabou comigo.
Eu falei para mim mesma: 'cansei de ouvir isso, não quero me sentir tão mal'.
Depois deste episódio horrível, eu montei um programa de caminhada e exercícios e comecei a seguir bem direitinho.
Comecei a fazer todos os dias, de segunda a sábado", conta.
Durante cinco anos, ela tentou emagrecer, sem sucesso
(Foto: Arquivo pessoal/Érwelley Andrade)
Ela também mudou "100% a alimentação": reduziu as quantidades, passou a controlar os horários, incluiu fibras, eliminou doces e refrigerante e aumentou a quantidade de verdura. (Foto: Arquivo pessoal/Érwelley Andrade)
"Mudei completamente.
Eu comia descontroladamente de madrugada, comia a qualquer hora, não tinha noção de quantidade.
Minha ansiedade me controlava de maneira tremenda."
Érwelley não foi uma criança gorda, nem tem histórico de obesidade na família.
Ela começou a ganhar peso gradativamente e não conseguia emagrecer.
"Passei quase cinco anos num quadro de obesidade.
Eu não cuidava mais de mim.
Tentava todo tipo de dieta, vivi o efeito sanfona diversas vezes.
Fiquei tão depressiva que desisti de tentar emagrecer.
Tudo dava errado, me decepcionei muito.
Parei de estudar, de trabalhar, fiquei só em casa, e isso me levou a uma depressão maior.
Eu só comia", relata.
Neste processo, ela conta que passou por vários nutricionistas, foi a dois endocrinologistas e fez até uso de sibutramina.
"Quase morri, tive vários efeitos colaterais."
Agora ela está no caminho inverso – o de ganhar peso, mas sob a forma de massa magra, já que treina musculação pesado.
"Agora estou pesando 67 kg, mas meu percentual de gordura baixou bastante.
Meu objetivo é definir cada vez mais e ganhar mais massa magra. (...) Em julho, faz quatro anos que estou na academia. Nunca passei mais que dois dias sem malhar.
A cada dia mais me apaixono mais pela musculação, pelo meu estilo de vida", diz.
O tio gaiato convive diariamente com Érwelley e diz que foi ele que a salvou.
"Eu fiquei chateada, mas serviu para eu acordar, serviu como estalo.
Tinha 25 anos e estava praticamente morta.
Só quem é obeso sabe como é sofrido as pessoas te apontando o dedo, te culpando pelo excesso de peso, mas há outros fatores por trás da obesidade.
A sociedade nos obriga a lutar pela aparência.
Mas se a gente está infeliz, é possível mudar.
Eu não acreditava, mas fechei o olho e segui em frente.
As pessoas têm que acreditar."
A escritora, mãe de dois filhos, hoje treina musculação pesado e quer aumentar massa magra (Foto: Arquivo pessoal/Érwelley Andrade)