O protesto de parentes de policiais militares do Espírito Santo chega ao 10º dia nesta segunda-feira (13). Mulheres ocupam a frente da sede do Comando Geral da PM e prometem impedir a saída dos policiais. Mas a expectativa é que eles continuem a se apresentar para o trabalho diretamente nas ruas, como fizeram durante o fim de semana. Há ônibus circulando na Grande Vitória e as aulas estão sendo retomadas nas escolas estaduais. Postos de saúde também reabriram.
Os PMs começaram a retornar às ruas no sábado (11), após um acordo entre representantes da categoria e governo e um chamado do comando geral da PM. O domingo (12), mais de 1.200 policiais voltaram para as ruas. Eles se somam aos cerca de 3 mil integrantes das Forças Armadas e da Força Nacional que atuam no estado em razão da crise. Em um dia normal, o Espírito Santo tem 2 mil policiais nas ruas.
Segundo o Sindirodoviários, que representa os trabalhadores de ônibus, 99% da frota intermuncipal da Grande Vitória voltaria a operar nesta segunda-feira. A expectativa é que escolas particulares e postos de saúde que fecharam na semana passada reabram. A Fecomercio-ES recomendou que os comerciários voltem à ativa. Os Correios também funcionam.
As mulheres dos PMs iniciaram os protestos em 4 de fevereiro, para pressionar o governo a conceder reajustes aos policiais e lhes dar melhores condições de trabalho. A partir de então, os PMs deixaram de patrulhar as ruas. As mulheres sempre alegam que são elas que estão no comando da paralisação. Mas, para as autoridades, essa é uma tentativa de encobrir o que, na verdade, seria um motim dos PMs.
Sem policiamento nas ruas, uma onda de violência se instaurou. Saques e assaltos se tornaram comuns. Em nove dias, o estado teve 144 mortes violentas, segundo o Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol). Em todo o mês de fevereiro de 2016, foram 122 mortes violentas, segundo os registros oficiais. A Polícia Civil e a Polícia Federal vão investigar a participação de PMs nos crimes.
Protesto
As mulheres dizem que os portões só serão reabertos depois que o governador Paulo Hartung receber representantes do movimento para uma reunião, mas ainda não há informações sobre esse encontro. “O quartel só tem a guarnição, que é para guardar o quartel e os presos. O restante, liberamos todo mundo, só vamos abrir esse quartel quando o governador olhar nos nossos olhos”, afirmou uma manifestante.
As mulheres dizem que os portões só serão reabertos depois que o governador Paulo Hartung receber representantes do movimento para uma reunião, mas ainda não há informações sobre esse encontro. “O quartel só tem a guarnição, que é para guardar o quartel e os presos. O restante, liberamos todo mundo, só vamos abrir esse quartel quando o governador olhar nos nossos olhos”, afirmou uma manifestante.
Uma esposa de militar, identificada apenas como Maria, disse que todos os militares que estavam aquartelados foram liberados, mas as fardas e o armamento ficaram presos no quartel. “Não tem mais policial aquartelado. Quem estava de serviço foi descansar em casa, mas tiramos todo o uniforme deles porque não vamos deixar nossos policiais na rua sem armamento e sem condições psicológicas”, contou.
Outra manifestante, que também preferiu não se identificar, disse que os policiais que saíram dos batalhões de helicóptero foram forçados a voltar à atividade.
“Eles estão sendo obrigados a se apresentar. Estão fazendo uma lavagem cerebral neles. Eu soube que os que saíram do BME desceram de helicóptero na capitania e iam seguir de lancha até o 38º Batalhão de Infantaria, em Vila Velha. E que de madrugada seriam obrigados a saírem com o Exército”,disse.
Ela também disse que os policiais militares que estão fazendo o policiamento nas ruas são, na verdade, oficiais, e não os praças. “Os que estão aguentando são os oficiais, aqueles que normalmente não vão para a rua, mas que estão indo para fazer volume”, falou.
Segundo ela, muitos policiais precisaram dar entrada no Hospital da Polícia Militar (HPM) por estarem muito abalados psicologicamente, e outros até tentaram suicídio.