A invenção e construção da primeira máquina capaz de trançar e laçar fios tem uma longa história.
Sabe-se que o trançado de fios era uma técnica já usada pelos Egípcios, na antiguidade. Haviam pessoas especializadas no entrelaçamento de fios, ainda de maneira muito rústica; mas já era um ofício, um trabalho exercido com distinção.
Em outros períodos da história humana as mulheres jovens ocupavam-se em trançar fios para os nobres; nas pirâmides do Egito foram encontradas malhas produzidas por essas operárias; os Faraós usavam esses tecidos como um privilégio e, por isso, queriam-nos nos seus túmulos para, com eles, agradar aos deuses.
As primeiras malhas eram de fios trançados com a finalidade específica de serem ou meias ou adornos de pescoço.
Existiram equipamentos toscos, de ossos e de madeira, que auxiliavam no entrelaçamento das fibras utilizadas. Esses equipamentos poderiam se assemelhar ao que conhecemos hoje como agulhas (de crochê e de tricô manual).
Produzir malhas foi uma atividade introduzida na Inglaterra pelos Belgas. E os ingleses logo incorporaram essa técnica como algo elegante, artístico. As malhas produzidas eram realmente artísticas; tanto que foram adotadas pela aristocracia britânica em golas e adornos de pescoço.
Na Inglaterra, a atividade foi incorporada ao cotidiano das mulheres; vários equipamentos foram desenvolvidos para facilitar esse trabalho; as jovens senhoras e todas as adolescentes passavam dias e dias a trançar fios, produzindo principalmente meias grossas, rústicas, mas que permitiam aos homens o trabalho árduo no campo, mesmo em épocas de muito frio.
Uma dessas mulheres chamava-se Mary Panton; seu mais apaixonado fã não aceitava perder a atenção de sua amada para os compromissos dela com a produção de suas malhas.
Para que ela pudesse ter mais tempo livre, imaginou um equipamento que fosse rápido o suficiente para que Mary pudesse cumprir seus compromissos na produção das malhas e ainda permitisse que pudessem passar o maior tempo possível juntos.
O apaixonado inventor foi William Lee e a primeira máquina de tecer ficou pronta em 1589. Era destinada a produzir malha para MEIAS, naturalmente.
Da paixão surgiu o equipamento que permitia produzir uma fila inteira de malhas no mesmo tempo em que Mary produzia, manualmente, um único ponto. Na imagem acima o desenho/projeto da primeira máquina de produzir malhas.
Ilustração: enquanto as mulheres fiavam e cardavam os fios, os homens trabalham nas máquinas de tricô.
Acima vê-se uma dessas máquinas, já bem usada. Note que há um rolo onde a malha vai sendo armazenada (para não atrapalhar o movimento dos pés (era eles que movimentavam todo o mecanismo da máquina). O cone de fio já tinha o formato dos que são utilizados nos dias de hoje.
A notícia varreu a região de Calverton, onde William Lee era o curador da igreja de St. Willfrids (imagem acima). Os nobres da região, todos, desejavam ter uma máquina dessas.
Onde vivia William Lee: interior da Inglaterra, região de Nottinghamshire, povoado de Calverton
A invenção revolucionou a história da produção de malhas entrelaçadas (tricô); num primeiro momento especialmente a produção de meias, na Inglaterra e em toda a Europa.
A máquina trouxe muitas mudanças para a região, desenvolvimento, pessoas que migravam para evoluir na técnica da produção das meias. Casas eram projetadas para terem uma sala com luz solar adequada a que se pudesse produzir por maior número de horas. Foi graças a essa máquina que se teve notícia da primeira fábrica de malhas: uma casa de campo, com várias dessas máquinas instaladas, contava com o trabalho de todos da redondeza: os homens manuseavam as máquinas e as mulheres cuidavam de enrolar as bobinas com fios e de fazer o acabamento (emenda e costuras) das meias.
Em Calverton ainda existem algumas casas que guardam os traços dessa época: casarios enormes com os locais típicos onde eram instaladas as máquinas de tecer meias. Um bom exemplo disso é a região de Windles.
Se William Lee ganhou o coração de Mary Panton, não se sabe. Sabe-se apenas que o inventor da máquina de tecer morreu na França, pobre e sem qualquer reconhecimento pela criação que revolucionou a indústria têxtil da Inglaterra e deu origem à criação de várias outras máquinas semelhantes, para a produção de outros tipos de malha. Hoje há uma casa de campo, no distrito de Calverton, dedicada a William Lee: nela foi restaurada a sala onde esteve instalada a máquina de tecer meias.
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